Por Dr. Marcio Rogério Renzo
Estamos no mês de março e o dia 8 de março é dedicado às mulheres, mundialmente, este ser que nos acompanha e divide todas as nossas vivências, sejam elas como esposa, mães, avós. Não vou tentar explicitar toda a admiração a elas pois poderia incorrer em risco de esquecer algum adjetivo e ser injusto para com elas.
A saúde feminina é um universo a parte. Não podemos querer enquadrá-las nos mesmo parâmetros que os homens, idosos em geral ou crianças, pois a mulher em cada fase de sua vida necessita de cuidados específicos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representavam, em 2019, mais de 52% da população residente no Brasil (cerca de 109,4 milhões) e 56,7 % da popu-
lação idosa. Em média, as mulheres vivem cerca de 8 anos a mais que os homens.
Somente pelos dados acima já somos capazes de ver a quão expressiva são essas diferenças, mas além de todas essas diferenças fisiológicas, há também as questões sociais e psicológicas pelas quais “o sexo frágil”, que de frágil não tem nada, suportam ao longo de suas vidas. São horas a mais de jornada de trabalho, que se acumulam as atividades profissionais, de mãe, esposa e muitas vezes única provedora do lar.
Nesse aspecto, a saúde ginecológica é de extrema importância, pois ela engloba diversos quesitos que normalmente são ignorados pelas próprias mulheres por esta
rem envolvidas em suas atividades. Algumas das principais alterações que são apontadas nesse aspecto são: alterações no ciclo menstrual, infertilidade, nódulos mamários, incontinência urinária, dor ao urinar ou ao ter relações sexuais, dor pélvica e prolapsos de órgãos pélvicos, sangramentos anormais ou após a menopausa, corrimentos vaginais, úlceras geniais e verrugas vulvares.
Isso demonstra a importância dos exames preventivos, da higiene íntima e a orientação a esse público quanto aos cuidados com as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), aliado ao fato de prevenir também as gravidezes indesejadas.
Outro cuidado que tem se tornado cada dia mais evidente e relevante está relacionado à segurança social da mulher. Com a pandemia houve um aumento de ce
rca de 30% nos casos de violência doméstica. As implicações que causam este tipo de violência são diversas. O abuso físico, sexual e psicológicos causam marcas que, às vezes, são carregadas pelo resto da vida das ofendidas. Isso traz reflexos diretos na saúde feminina física e mental, além de ser um importante fator na saúde pública, pelos reflexos econômicos que causam ao Estado.
Na saúde mental as mulheres também tem fatores que as diferenciam dos homens. Grande parte dessas diferenças estão relacionadas às variações hormonais ao longo da vida. Sejam as variações dentro do ciclo menstrual, da gravidez, da amamentação ou da menopausa, todas acabam por afetar a mulher em seu humor, no desenvolvimento de transtornos de ansiedade, transtornos depressivos, somado ao stress social relacionado à sua aparência física (padrões de beleza) e seu padrão de vida. Estes últimos tem se mostrado fortes elevadores nos níveis de stress, que é um importante gatilho para o surgimento de diversas patologias.
Com o avançar da idade, as mulheres também são atingidas de forma mais incisiva em comparado aos homens. Nesta fase, enquanto os cuidados dedicados aos homens estão mais relacionados à prevenção do câncer de próstata, as mulheres devem se preocupar com cuidados à prevenção do câncer de mama, endométrio, ovário e do colo uterino os quais vitimam todos anos cerca de 137 mil mulheres todos os anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Ainda com relação aos cânceres, segundo o INCA, o aumento expressivo de alguns tipos está relacionado ao aumento do tabagismo entre as mulheres. A
adoção de exames periódicos a partir dos 40 anos de idade, como a mamografia, o controle hormonal, a colonoscopia (a partir dos 50 anos) são atitudes
que podem salvar muitas vidas. O consumo de uma dieta balanceada, ricas em frutas e verdura, e a prática de atividades físicas constante são grandes aliadas para a manutenção da saúde feminina.
Por todas essas questões, a preocupação da Fisioterapia com a saúde feminina é especial. Tem-se dedicado grande parte dos estudos aos cuidados com as mulheres, sejam no campo das especialidades oncológicas, dermato-funcional, ginecológicas para o aprimoramento de técnicas e tratamentos, que ajudam a proporcionar ao público feminino uma melhora na saúde física, mental e emocional.
A saúde feminina, complexa como se apresenta, deve ser cuidada, de preferência, por uma equipe multidisciplinar. Sejam as questões relacionadas à oncologia, à ginecologia, etc, além de ter sua complexidade, geralmente, causam outros danos, como os psicológicos. A presença de psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, entre outros, são muito importantes para que o tratamento tenha o sucesso esperado.
É importante lembrar que o quanto antes for identificado o problema, maior será a probabilidade de cura, e em muitos deles a cura, sem a determinação de sequelas, são possíveis.
Ao sentir algum mal-estar, dor ou desconforto, procure um profissional qualificado. A prevenção ainda é a melhor prática e mais eficaz em se tratando de saúde.
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