Por Dr. Marcio Rogério Renzo
Segundo a dados oficiais, o Brasil possui cerca de 1 milhão e duzentas mil pessoas portadores deste mal e no mundo este número deve chegar a 35,6 milhões de pessoas. Com o envelhecimento da população mundial, esses números sofrerão aumentos expressivos chegando aos 65,7 milhões de portadores em 2030 e em 2050 atingirá 115,4 milhões pacientes, dois terços deste total se concentrando em países em desenvolvimento.
É importante destacar que, segundo o GBD (Global Burden of Disease), que é um estudo que utiliza um método sistemático para analisar perdas de saúde não fatais e para facilitar comparações entre países e doenças mostrou que no mundo entre 1990 e 2016 os casos de demência aumentaram cerca de 117%, colocando o Brasil em segundo lugar, atrás da Turquia. Este estudo mostrou também que os casos de mortes também tiveram um aumento expressivo (148%), representando cerca 2,4 milhões de mortes, sendo a quinta causa de morte.
A doença de Alzheimer é uma forma de demência, a mais comum na verdade, porém há outros tipos de demência, como as em decorrências do sofrimento de pequenos infartos em áreas específicas do cérebro que podem provocar alguns dos distúrbios, como: perda de memória, dificuldade de orientação no tempo e no espaço, dificuldade de desenvolver pensamentos abstratos, dificuldade de aprendizado e realização de cálculos simples, dificuldades na linguagem, comunicação, desta forma afetando o paciente na execução de suas atividades de vida diária. Alterações de personalidade também estão presentes, bem como de critério de julgamento.
As causas dessa doença ainda não foram delimitadas com exatidão, porém a idade é o principal fator de risco. A partir dos 60 anos de idade é como os surgimento dos primeiros sintomas, aumentando drasticamente com o passar dos anos. A cada cinco anos o número de pacientes dobram, sendo que a menor parte dos pacientes se concentra na faixa entre os 65 e 74 anos de idade, a partir dos 85 anos, metade dos indivíduos desenvolverão a doença.
Esta doença se apresenta em 4 fases: inicial, intermediária, final e terminal.
A fase inicial caracteriza-se pela perda de memória, confusão e desorientação, ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança, alteração de personalidade e do senso crítico. Começam a apresentar dificuldades de realizar as atividades de vida diária (banho, cozinhar, telefonar, etc.).
Na fase intermediária desponta a principal e a que geralmente leva os familiares a procurar auxílio médico que é a dificuldade de reconhecer familiares e amigos. Outros sintomas se intensificam mais, levando este paciente a uma dependência ainda maior.
A terceira fase reafirma a dependência total do paciente. Nesta fase a atenção tem que ser redobrada, pois a restrição ao leito traz diversas complicações que podem acelerar o surgimento da fase terminal ou levar ao óbito diretamente.
A fase terminal caracteriza-se pelo agravamento dos sintomas da fase final, além de infecções de repetição e a disfagia (incapacidade de engolir alimentos), necessitando de alimentação enteral.
Como a Fisioterapia pode ajudar??
A fisioterapia age através de técnicas diversas como: cinesioterapia, fotoeletrotermoterapia, buscando promover qualidade de vida, além de trazer o bem-estar psicológico, pois ao promover ao paciente a sensação de independência estará dando mais significado à vida e a sensação de pertencimento ao meio em que vive.
A progressão da doença é inevitável e levará o paciente à restrição ao leito. A intensificação dos cuidados fisioterápicos, ainda que paliativos, são suma importância, pois são responsáveis pela prevenção de infecções recorrentes causados pela imobilidade. Outro problema detectado está relacionado ao sistema respiratório. É alto o índice de problemas, tais como: pneumonia, pneumonia aspirativa, etc. As técnicas para higiene brônquica, aumento da capacidade ventilatória, dentre outras são indicadas para prevenção.
Mas Doutor, quantas sessões tem que ser feita?
Não há como prever quantas sessões serão necessárias para que o paciente tenha um acompanhamento ideal, porém aconselha-se que tenham de 2 a 3 sessões por semana, mas as atividades físicas sejam diárias. Porém se não há condições financeiras para custear o acompanhamento pelo profissional em fisioterapia, pode-se contratar um profissional para uma avaliação e evolução a cada 3 meses, onde o profissional fisioterapeuta poderá orientar, após a avaliação, aos familiares e cuidadores sobre quais exercícios fazer e sobre quais cuidados devem ser adotados.
É importante entender que cada paciente é único! Por se tratar em sua grande maioria de pacientes idosos, conhecer limitações fisiológicas da idade é primordial para que se atinja um resultado adequado.
Foram comprovados através de estudos que a adoção de hábitos saudáveis ajudou muito na prevenção do Mal de Alzheimer. Pessoas que mantinham dietas equilibradas, com baixas quantidades de gorduras, faziam uso moderado de álcool (duas doses diárias para homens e uma para mulheres), não faziam uso de tabaco, praticavam atividades físicas moderadas ou intensas, mantiveram estímulos cognitivos (leitura, escrita, aprendizagem, etc.) tiveram uma redução de quase 60% nas chances de desenvolver a doença.
É importante diferenciar que o esquecimento de fatos diários (chaves, carteira) não quer dizer que a pessoa esteja com Alzheimer. Essa perda de memória pode ser causada por uma infinidade de fatores (medicamentos, depressão, distração, uso de álcool, estresse, etc.) A perda de memória que podemos relacionar ao Alzheimer são: esquecimento de eventos recentes, atividades, pessoas da família de forma que acabam por atrapalhar o desenvolvimento de suas atividades diárias. Esses são fatores importantes em se observar, principalmente em idosos. Portanto, os familiares e pessoas responsáveis pelo cuidado com idosos devem estar atentos a esses acontecimentos.
Não esqueça, ao sentir, ou perceber que algo não está bem, procure orientação de um profissional habilitado!!!
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